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A partir de finais de 2017, com o aumento da violência no Norte de Cabo Delgado, inúmeras análises foram realizadas sobre os motivos do conflito, distinguindo-se as suas complexas causas internas e externas, mas também a forma como se relacionam.

Ao longo do ano de 2020, o alastramento do conflito aumentou o número de deslocados de guerra, concentrando-se nos centros urbanos ou no perímetro das áreas de confronto, em condições extremamente precárias, levantando inúmeras necessidades em termos de ajuda humanitária.

A insustentabilidade de prolongamento, por tempo indefinido, de assistência alimentar às populações deslocadas, a precariedade dos acampamentos de deslocados e os riscos de eclosão de epidemias, levantam a necessidade de uma intervenção mais estruturada, com vista ao reassentamento das populações em locais seguros, mas também conducente à reintegração socioeconómica.É neste cenário que surge a necessidade de realização de um plano urgente, holístico e integrado de desenvolvimento de Cabo Delgado, com impactos imediatos no curto e médio prazo, mas estruturado num plano coerente de longa duração, que preveja não apenas a implementação e extensão de serviços socioeconómicos, infraestruturas e fornecimento de factores de produção.

Um plano que preveja, inclusive, uma mudança de políticas macroeconómicas que protejam os produtores locais; o desenvolvimento institucional das organizações do Estado (incluindo questões de transparência, despartidarização, fiscalização e respeito por direitos humanos), mas também o desenvolvimento de organizações da sociedade civil, alargando os espaços de participação política dos diferentes grupos sociais na província.

Neste sentido, o desenvolvimento socioeconómico deve ser entendido como a melhor estratégia de contrainsurgência militar, sem o qual as mensagens e apelos de não adesão a grupos violentos não terão grande eficácia junto das populações mais jovens e excluídas.

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