A tese de mestrado de Filomena Matimbe materializou-se num projecto agora instalado no posto administrativo de Xinavane, no distrito da Manhiça, província de Maputo. A transformação de um documento académico numa empresa já em operação está a destacar-se no mercado como pioneiro no processamento da farinha de banana, numa iniciativa que conta com o apoio da Gapi-Sociedade de Investimentos.
A tese de mestrado em Gestão e Administração de Empresas da sua fundadora, Filomena Matimbe, foi concebida na província de Manica, onde, apesar de os níveis de produção da banana serem altos, os índices de mal-nutrição são alarmantes.
“Aquilo entristeceu-me. Devido a dificuldades de escoamento e de conservação, a banana é desperdiçada ou usada na produção de aguardente”, revelou Filomena Matimbe, que, após uma conversa com o director da faculdade, decidiu introduzir uma alternativa à farinha de milho na alimentação da comunidade.
“A comunidade alimenta-se de farinha de milho e jamais imaginou que fosse possível preparar farinha à base da banana. Para reverter aquele cenário e melhorar a dieta da comunidade, processei a banana e com a farinha preparei xima, que foi muito apreciada”, explicou.
“A farinha da banana tem a vantagem de estimular o entusiasmo das crianças que frequentam o ensino primário nas zonas rurais e suburbanas, para além de fortalecer o seu sistema imunológico contra doenças diarreicas. É rica em potássio, ferro, vitaminas, amido e minerais, sem contar que não apresenta, na sua composição, açúcar, glúten ou lactose, sendo, por isso, recomendado para o controlo ou prevenção de várias doenças, tais como diabetes, hipertensão, osteoporose, obesidade, entre outras”, asseverou a fundadora.
Após a conclusão do mestrado, e já na cidade de Maputo, Filomena Matimbe participou, em 2017, no Southern African Nutrition, no qual conquistou o prémio de Melhor Empreendimento Social (com o melhor produto nutricional).
A Gapi, que era membro do júri do referido evento, viu potencial neste projecto inovador, tendo o apoiado com um milhão de meticais.
O papel desta Instituição Financeira de Desenvolvimento foi para além do financiamento. “Quando recebemos o valor, a nossa intenção era promover o produto, mas a Gapi aconselhou-nos a melhorarmos as condições de processamento, através da abertura de um furo de água e da introdução de uma nova embalagem”.
“Com isso, os custos de produção reduziram consideravelmente. Se tivéssemos dado prioridade à promoção do produto, acredito que não teríamos como responder à demanda”, acrescentou Filomena Matimbe, que apontou a aquisição de máquinas para o descasque, corte e empacotamento como o principal desafio.
Actualmente, uma parte da banana usada na produção da farinha é proveniente da machamba de um hectar pertencente ao projecto, e a outra adquirida nas províncias de Gaza e Maputo.
“Compramos as mudas na África do Sul e aqui temos mais de mil bananeiras. Não pretendemos expandir a área da machamba porque já há produção suficiente de banana na região. Para processar um quilograma de farinha preciso de sete a oito quilogramas de bananas”, explicou a fundadora da Finana, que conta com uma mão-de-obra constituída por 13 trabalhadores.
A fábrica tem capacidade para produzir 500 quilogramas de farinha por dia, mas, devido à falta de equipamento (para o descasque, corte e empacotamento), ainda só consegue produzir 150 quilogramas.
Importa realçar que, na qualidade de vencedor do Southern African Nutrition, o projecto Finana representou o País numa feira regional (na África do Sul) e mundial (na China). Nesta última, arrecadou a medalha de ouro como melhor alimento nutricional.
Filomena Matimbe foi selecionada pela UNIDO para representar Moçambique numa feira internacional na Itália.