Intervenção do PCA da Gapi por ocasião do 35º Aniversário.

Muito bom dia a todos.

Com a permissão de Sua Excelência, o Presidente da República, Dr. Daniel Francisco Chapo, e do Governo que o acompanha, e todos os presentes aqui, sobretudo os accionistas e alguns empresários, queria desejar-vos boas-vindas aos 35 anos da Gapi. Hoje acaba a nossa juventude, que foi boa, e vamos começar uma fase de adulto. Nesta fase, ainda continuamos a querer a vossa participação, a vossa contribuição.

A história da Gapi já foi contada. Espero que tenham visto a exposição lá fora. Já foi muitas vezes dito: estamos há 35 anos a contribuir para a inclusão financeira e para o empoderamento das micro, pequenas e médias empresas. Nós os administradores desta casa, a quem nos deram a parte da presidência do Conselho de Administração, nos foi dada uma tarefa. A grande tarefa é olhar, agora, depois de 35 anos, o que será a Gapi nos próximos 35 anos — pelo menos nos próximos 10 — e depois veremos o que vem à frente.

Queremos que a Gapi, desde já, agradeça a presença do Governo, que mostra um grande apoio à nossa casa e a esta iniciativa. Esperamos que nos possam continuar a acarinhar. Vamos muitas vezes bater à porta. Batemos agora à porta para celebrar connosco os 35 anos, e a vossa presença é um grande estímulo, um sinal de que estamos juntos.

A Gapi, como foi dito, não existe sem o Governo. Nós somos um braço que implementa acções delineadas pelo Governo de Moçambique no âmbito do sector financeiro. O nosso plano estratégico, que vai ser desenhado naturalmente dentro de condicionalismos que conhecemos — não só nacionais como internacionais —, terá que priorizar projectos que contribuam directamente para a inclusão financeira e para a formalização da economia.

Todo o nosso trabalho tem sido ligado, sobretudo aqui na área urbana, aos municípios. Há iniciativas que foram feitas aqui no Xiquelene, iniciativas em Boane e em vários outros cantos deste país, a tentar ajudar na formalização da economia, que é muito importante. Isto com foco na formalização, sobretudo, de pequenos negócios.

Outro ponto importante da estratégia que vai ser desenhada é o apoio à rede de serviços bancários. Foi dito aqui que há vários micro bancos que estamos a apoiar na sua formação e gestão, sobretudo na capacitação da gestão financeira desses micro bancos.

Uma outra actividade importante será a promoção das capacidades técnicas e financeiras. Aliás, a Gapi tem como pilar metodológico não entregar dinheiro ou recursos sem ter a certeza de que as pessoas terão capacidade de gerir esses recursos. Portanto, a capacitação e o acompanhamento dessas pessoas é uma parte extremamente importante dos nossos modos operandi.

Naturalmente, uma grande prioridade é o apoio à agricultura. Sabemos todos que a agricultura, neste país, está constitucionalmente escrita como a base de desenvolvimento do país e ocupa grande parte da população moçambicana. Ela é a garantia de alimentos para todos e, não só, de matéria-prima para a indústria. Então, vamos continuar a apoiar o desenvolvimento desses agricultores através da facilitação ao acesso a novas tecnologias, mas também o acesso à mecanização, coisa que já temos estado a fazer, em parceria, sobretudo, com o Ministério da Agricultura. Estamos gratos pela presença do Sr. Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas neste evento.

Esses objectivos cruzam-se naturalmente com toda a acção da aquacultura, portanto, a exploração de recursos marinhos, que está na agenda do Governo. Um dos grandes desafios é a criação de empregos. Sabemos os momentos que estamos a atravessar, e as estatísticas indicam que, anualmente, pelo menos 500 mil pessoas entram na idade de serem empregadas. É necessário absorver esta juventude, que está sedenta de fazer alguma coisa.

Portanto, a Gapi vai continuar a conceber e implementar projectos de inovação, como este que foi aqui apresentado, o Incubox 2. Eu queria salientar aqui que o meu director: esqueceu-se de falar do sucesso do Incubox 1. Há o Incubox 2 porque houve o Incubox 1 e nós aprendemos algumas lições e ganhámos a confiança dos nossos financiadores. É por isso que continuam a apostar em nós, apostam neste novo Incubox 2, que vai ser aqui lançado e que foi aqui apresentado.

No âmbito da acção social e desafios climáticos de outra natureza, faremos parcerias com outras instituições e prepararemos intervenções particularmente focadas nos mercados suburbanos, priorizando a protecção e empoderamento de dezenas de milhares de pessoas, sobretudo de mulheres, que nesses espaços asseguram a subsistência diária das suas famílias.

Em todas essas actividades, a Gapi vai incluir componentes de digitalização. Já, experimentámos alguns projectos. Hoje, todos os jovens, e não só, têm celulares e estão a utilizá-los para fazerem transacções financeiras e até venda de produtos, ou entrega de produtos que têm a vender. Então, na nossa estratégia, a digitalização será um indispensável componente transversal. Temos de estabelecer novas parcerias, em particular com o Ministério da Transformação Digital, que é novo, para além dos tradicionais Ministérios da Economia e Finanças.

De forma geral, e face à situação do país, estas são as prioridades desta estratégia.

A rede Gapi está em todo o país. Nós temos um lema que é “actuação local”. Estamos instalados em todas as províncias do país, com alguns aspectos que carecem ainda de pequenos ajustes, mas a rede está pronta a ser projectada para trabalhar em cerca de 110 distritos. Temos aproximadamente 200 técnicos em todo o país, que dão vida a esta rede e que serão reforçados com apoio na actualização das suas competências.

Nos últimos cinco anos, as delegações e subdelegações concederam um valor de 2650 créditos, num total de 1,4 mil milhões Mts Este valor ainda é insuficiente. O apelo que foi feito aqui, pelo representante do sector privado, dos investidores da Gapi, vamos voltar a reforçar. Precisamos de muito mais recursos para fazer esta tarefa, para ajudar o Governo a chegar onde as pessoas mais precisam desses recursos, sem muitas burocracias.

Então, queria, mais uma vez, reforçar que a nossa metodologia, para esta nossa missão de contribuir para a inclusão económica, social e financeira em Moçambique, promovendo a inovação, o empreendedorismo e investimentos geradores de emprego terá que combinar não só o financiamento, mas também a capacitação e o desenvolvimento de instituições.

O objectivo é assegurar o sucesso do empreendedor e do seu empreendimento. E isso não se faz só com o financiamento. Portanto, nós não só entregamos valores; não somos como a banca a quem se, pede dinheiro e vai. Nós vamos atrás, fazemos o coaching, o mentoring de todos os empreendedores que nos aparecem.

Queria terminar esta minha intervenção, que já vai longa, dizendo que a actual estrutura de gestão e de implantação da Gapi já demonstrou capacidade, como já foi avançado recentemente, em particular, com o bem-sucedido projecto Agro-investe, que propomos seja actualizado e replicado.

Concluo informando que temos inscrito na nossa estratégia a abertura de capital da Gapi. Isto é importante. E a sua posterior inscrição na bolsa de valores. Os resultados financeiros da Gapi sempre foram positivos, felizmente, durante todos estes anos, e esperamos que também este ano, mesmo com os desafios que enfrentamos, tenhamos resultados positivos também. Não são resultados de grande lucratividade, mas são, claramente, de grande impacto social e económico.

Como aqui já foi demonstrado, há investidores privados disponíveis a participar numa agenda de inclusão, através de uma instituição com boa governança e comprovada capacidade operacional. Lá fora, na exposição, está a avaliação que foi feita pelos pares e deu-nos 93% dos 100 possíveis. A grande fraqueza nossa é ainda a parte dos activos financeiros. Então, é importante que melhoremos e termos recursos e investidores disponíveis.

Queria, portanto, saudar e agradecer mais uma vez ao Governo pelo apoio que nos tem dado e dizer que não vos vamos largar. Vamos estar sempre à procura de vós para continuar esta agenda, para nos apoiarem e apoiarmo-nos mutuamente nesta grande agenda de desenvolver o país.

Muito obrigado.

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