Intervenção do Presidente da República por ocasião do 35º Aniversário da Gapi

Senhora Ministra das Finanças da República de Moçambique,
Senhores membros do Governo aqui presentes,
Senhores Secretários de Estado nos Ministérios aqui presentes,
Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo,
Senhor Presidente do Conselho de Administração da Gapi,
Senhor Presidente do Conselho Executivo da Gapi,
Magníficos Reitores aqui presentes,
Senhores representantes das organizações parceiras,
Senhores representantes das instituições públicas e privadas,
Distintos convidados,
Minhas senhoras e meus senhores,

Vejo tantos ilustres aqui presentes que, se continuasse a mencionar todos, não chegaria ao fim. Por isso, permitam-me dizer: todo o protocolo observado.

Permitam-me iniciar a minha intervenção saudando todos os presentes neste importante evento, que assinala o 35.º aniversário da conversão do projeto Gabinete de Apoio à Pequena Indústria numa sociedade financeira de desenvolvimento nacional, que continua a ser conhecida como Gapi.

Este é, para nós, um momento especial. Ao celebrarmos 35 anos de existência desta instituição, focamos a nossa atenção no lançamento de um projeto centrado na criação de mais emprego, principalmente para a nossa juventude. Um desiderato que é parte integrante do nosso programa de governação, dando primazia aos jovens.

Antes, importa referir que esta sociedade de apoio ao desenvolvimento, a Gapi, foi constituída há 35 anos por orientação do Governo para atuar no âmbito de uma agenda de interesse público. Desde então, tem desempenhado de forma eficaz o seu papel, contribuindo para a inclusão financeira, social e económica em Moçambique, promovendo a inovação, o empreendedorismo e os investimentos geradores de emprego.

O facto de, entre 2020 e 2024, a Gapi ter concedido empréstimos num montante de 1,4 mil milhões de meticais, abrangendo cerca de 2.642 micro, pequenas e médias empresas e gerando cerca de 8.753 empregos, é um exemplo que merece reflexão.

Para servir estes segmentos, não basta financiar; é também preciso capacitar os clientes e acompanhá-los. Devido à especificidade desta metodologia, há 35 anos o Governo decidiu criar uma sociedade financeira de desenvolvimento, em vez de um banco ou de mais um departamento dentro de um ministério.

Por isso, a Gapi tem vindo a fazer este excelente trabalho ao longo dos anos. Estamos aqui porque reconhecemos ainda o papel da Gapi na sua colaboração com instituições do Governo e no trabalho com instituições financeiras de desenvolvimento para obter recursos. Através da Gapi, esses recursos são canalizados para assistência técnica e financeira, permitindo o surgimento e a consolidação de micro, pequenas e médias empresas em zonas rurais do nosso vasto Moçambique.

O trabalho conjunto entre a Gapi e o Governo, realizado junto do Fundo Africano de Desenvolvimento para a concessão de um donativo no ano 2000, permitiu o relançamento da indústria do caju.

Destacam-se também os esforços realizados na recuperação económica após as devastadoras cheias de 2000, através da gestão de uma linha de crédito que financiava até 100 mil dólares norte-americanos.

Estes são exemplos concretos da importância da cooperação e das parcerias institucionais entre entidades públicas e privadas.

Não podemos esquecer ainda do relevante papel da Gapi na mobilização de recursos do Banco Mundial para apoiar a reinserção social de cerca de 12 mil trabalhadores dos Caminhos de Ferro de Moçambique, afetados pelo processo de reestruturação ocorrido entre 2002 e 2004. Este foi considerado um dos processos de reinserção socioprofissional mais bem-sucedidos do continente africano.

Esses marcos demonstram o papel fundamental da Gapi na consolidação do crescimento social, económico e profissional do nosso país, contribuindo de forma indelével para o desenvolvimento da República de Moçambique.

Minhas senhoras e meus senhores, caros convidados,

A Agenda da Inclusão Financeira, um dos pilares da atuação da Gapi, continua a ser uma das nossas prioridades neste ciclo de governação.

Até o presente momento, dos 154 distritos, 83% encontram-se cobertos por uma agência bancária e 92% encontram-se cobertos por um agente de moeda eletrónica.

Neste contexto, estamos a trabalhar na criação e operacionalização do Fundo de Reconstrução Económica e do Fundo de Garantia Mútua.

  • O Fundo de Reconstrução Económica vai impulsionar o acesso equitativo a recursos financeiros, promovendo o crescimento económico inclusivo.
  • O Fundo de Garantia Mútua vai reduzir o risco de inadimplência das empresas e facilitar o acesso ao crédito, especialmente para pequenas e médias empresas.

Estes fundos funcionarão como uma garantia complementar, cobrindo parte do valor do empréstimo caso o tomador não consiga pagar. Com a redução do risco para a banca, espera-se um aumento do crédito à economia, melhores condições, taxas de juro mais baixas e prazos mais longos.

Distintos convidados,

Os jovens são o motor da inovação, do desenvolvimento e da transformação social. No entanto, muitos deles enfrentam desafios significativos para ingressar no mercado de trabalho.

Diante deste cenário, precisamos agir em conjunto: Governo, empresas, escolas técnicas e profissionais, e a própria juventude, para criar oportunidades reais de trabalho e crescimento profissional.

É neste contexto que abraçamos a iniciativa Incubox, que visa fomentar a empregabilidade e o desenvolvimento socioeconómico sustentável e inclusivo nas províncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula.

Embora as metas desta iniciativa ainda estejam aquém da necessidade real de criação de emprego, é importante realçar que estão focadas em distritos eminentemente rurais. E há quem diga que para dar um milhão de passos, começa-se pelo primeiro – e neste caso, estamos a começar.

Este projeto promove o empreendedorismo e a empregabilidade juvenil em zonas rurais, através da capacitação em negócios, assistência técnica e acesso a recursos financeiros.

O facto de o Incubox, uma incubadora de negócios promovida em contentores móveis, ter sido concebida por técnicos da Gapi e aprovada pela União Europeia, é um reconhecimento de que, em Moçambique, temos instituições e competências capazes de responder aos nossos próprios desafios.

Além disso, as empresas também precisam de repensar as suas práticas de contratação, valorizando o potencial, a criatividade e a vontade de aprender dos jovens.

A falta de experiência não pode ser um obstáculo intransponível. Pelo contrário, a experiência deve ser construída dentro das próprias organizações.

A empregabilidade juvenil não é apenas uma questão económica, mas também social. Quando damos oportunidades aos jovens, estamos a construir um futuro mais próspero, reduzindo desigualdades e fortalecendo a nossa sociedade, a nossa economia e o nosso futuro.

Por isso, encorajamos e apoiamos fortemente iniciativas desta natureza. O futuro começa agora e precisa ser construído por todos nós.

Os nossos parabéns aos 35 anos da Gapi!

Muito obrigado pela vossa atenção. Vamos trabalhar!

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