Sobrevivi ao Idai e transformei a tragédia em oportunidade

Júlio César é um jovem empreendedor de 34 anos que sobreviveu ao Idai e, tal como faz questão de destacar, “transformei a tragédia em oportunidades”.

Tal como quase todos os moradores e empresários da Beira, Júlio, que lutava para consolidar o seu negócio de papelaria e serigrafia, sofreu o duro golpe do Ciclone Idai e teve perdas que levariam a maior parte dos empreendedores a desistirem e enveredarem por outras soluções.

Como resultado do Idai, este perdeu uma máquina de bordados, devido à oscilação da corrente eléctrica, a cobertura das suas instalações e viu parte do seu muro e paredes do escritório desabarem. Após o desastre, viu surgir uma oportunidade de reiniciar o seu negócio quando uma equipa de uma das organizações que trabalhava para o socorro das vítimas, o contactou para fornecer coletes. Não os tendo e não havendo na cidade quem os tivesse, decidiu contratar um alfaiate e iniciou a fabricação e estampagem dos coletes.

Esta actividade chamou a atenção de várias instituições que, precisando identificar os seus colaboradores, passaram a solicitar camisetes e outros materiais. Não tendo ainda capacidade para as produzir localmente, dado que a máquina havia queimado, encomendava em Maputo, o que praticamente os encarecia e retirava todo o lucro.

“Tive de mandar vir um técnico da RAS para reparar a máquina, com todas as despesas pagas por mim, incluindo hospedagem. E como ele cobrava à hora, o esforço financeiro foi grande, pelo que tive de usar meios próprios, mas valeu a pena, porque depois de concluir a reparação, retomamos o trabalho, já com mais trabalhadores do que antes.” – relembra.

“Veja o que esforço não se resumiu na reabilitação da máquina. A dado momento, porque os custos de produzir em Maputo eram altos, tive de adquirir uma máquina de uma cabeça de bordar, enquanto se reparava a de seis cabeças. Outro grande esforço foi para o apoio aos meus trabalhadores que estavam, tal como todos nós, com problemas nas suas casas, também destruídas.

Finalizando, referiu que esta formação foi importante, dentre várias razões, pelo facto de ter aprendido que deve estabelecer parcerias, mesmo nos melhores momentos, para usá-las quando necessário. “se eu já tivesse estabelecido parceiras antes do Idai, provavelmente o material que mandei produzir em Maputo não me sairia tão caro.” reiterou para depois terminar dizendo que “agradeço a Gapi e seus parceiros pela oportunidade de formação e pelos 400.000 meticais de financiamento. Espero que voltem para ver o que terá sido feito.”

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