Literacia financeira transforma vidas em Mandimba

A fraca presença do sistema bancário e a crescente necessidade do uso de instrumentos financeiros são as premissas que estão na base da aposta crescente na literacia financeira.

No distrito de Mandimba, Província do Niassa, mais de 200 pessoas decidiram aprender a ler e escrever, uma vez que só assim, poderiam gerir os seus negócios e fazê-los crescer de forma rentável.

“Tenho 42 anos, não sabia ler, escrever ou fazer contas. Como é natural, não tinha as ferramentas necessárias para gerir o meu negócio.” – confessa Ana Robote, Presidente da Associação de camponeses de Lipúsia que é beneficiária das formações do Promer desde 2013.

Ana é uma mãe que hoje se sente orgulhosa por conseguir prover um tecto, alimentação e educação aos seus sete filhos. Dedicou toda uma vida à actividade agrícola e nas suas palavras, a sua família, por muitas vezes, atravessou momentos complicados. “Eu e o meu marido já estivemos numa situação complicada, por não ter o que dar os nossos filhos para comer. Foi uma fase terrível! Com esforço e apoio do PROMER e da Gapi, as coisas começaram a mudar. Passamos a conseguir ter um rendimento que nos permitia crescer.” – conta-nos. “Quando a associação foi formada, o objectivo era que cada um dos membros pudesse ter
rendimentos da sua produção, pois fornecíamos a União de Camponeses de Lipúsia.

No entanto, poucos de nós possuíamos alfabetização, tudo que sabíamos girava em torno da agricultura, mas com esse apoio, aprendemos a ler e escrever, o
que possibilitou que pudéssemos ter noções de comércio para
gerir os nossos rendimentos.” – continua.

A Gapi e esta associação formaram uma relação em meados de 2012, quando, através da implementação do PROMER, mais de 50 membros, dentre os quais, 37 mulheres, beneficiaram-se de formações em matéria de ligação aos mercados, gestão organizacional, empreendedorismo e adição de valor aos produtos agrícolas. A associação e seus membros passaram a ter oportunidades de acesso aos mercados, através da venda sustentável dos seus excedentes, melhorando a renda familiar dos seus membros.

“Hoje em dia, a vida é diferente! Estamos a caminhar, juntos, rumo ao crescimento. Temos uma conta de poupança na Caixa Postal de Poupança de Moçambique (CPPM), em Mandimba que nos permite guardar o nosso dinheiro de forma segura. Já temos casas melhores com camas, rádio e até televisão. Estamos a viver um sonho” – Afirma Alexandre, membro da associação.

Em 2013, com o apoio da Gapi, estes associados passaram a possuir licença simplificada para o exercício da actividade comercial. Desde então, a associação Lipúsia já se beneficiou de dois financiamentos no valor de 280 mil meticais que serviram para a comercialização agrícola, que por sua vez, permitiu a associação firmar, dois contratos que lhes rendeu aproximadamente 500 mil meticais.

A associação fornece a sua produção à União de Camponeses de Lipúsia – também criada com o apoio da Gapi. Esta união é composta por seis associações e 277 membros dos quais 190 são mulheres. A união deste grupo de associações, visa a junção da produção de todos os membros para que possam abastecer o mercado em grandes quantidades, premissa clara para a obtenção de rendimentos. A União tem apoiado os membros na melhoria da organização dos GPCRs, dos centros de alfabetização funcional e da ligação com os comerciante.

O Presidente da União, Mbuana Ali Mussa, explica que os membros sofriam muito na negociação dos seus produtos por não perceberem os contractos dos comerciantes e o funcionamento das balanças, acabando por serem prejudicados.

Ana Robote explica que a intervenção da Gapi não se limitou somente à concessão de crédito. “A Gapi serve também como elo entre os produtores e a nossa união, trazendo-nos clientes e garantindo que a nossa produção vá de encontro as necessidades do mercado”. Com os rendimentos obtidos, a União formou 7 Grupos de Poupança e Empréstimo para que pudesse gerir as suas poupanças. Desde criação destes grupos foram poupados 400 mil meticais.

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