Gapi alavanca negócio do Moleiro de Montepuez

O engano é quase impossível a quem inquirir pela Agro Fatar Vano no bairro urbano de Napai, na cidade de Montepuez, em Cabo Delgado.

Porque a azáfama produtiva é evidente a quem chega. Da casa onde se aloja a moagem de Rodrigues Dobles Martins, promana o zumbido da maquinaria em rotação que dois homens, de máscara e fardamento, alimentam de milho. E do moinho retiram farinha branquíssima que sete mulheres empacotam, todos os dias e com gestos ágeis, em 50 embalagens de 10 quilogramas cada. Com tal actividade, não há, pois, que enganar…

Nem sempre foi assim. Antes do financiamento da Gapi, em 2017, a produção era bem mais lenta e escassa, reconhece Martins: “As moageiras que tinha eram pequenas, só davam 50 quilos de farinha por hora; estas, umas novas e outras recuperadas com o financiamento da Gapi, dão uma tonelada”, realça o empresário de 45 anos e pai de oito crianças.

Martins, que começou camponês de pouca monta, produzindo algodão, milho e feijão, enveredou pela farinação em 2005, após aventura frustrada no ramo dos transportes. “Em 2000, comprei quatro carros para fazer ‘chapa’ em Montepuez. Mas, com tanta avaria e despesa, não estava a conseguir; então mudei para as moageiras, que é mais certo”, recorda.

Martins moía para terceiros, e só depois para ele próprio.

Pequenas quantidades, num e noutro caso, que a pequenez dos moinhose do orçamento para cereais não lhe permitiam mais ambição. “Moía 80 toneladas de farinha, quase tudo para outros produtores da região. Então decidi ter o meu milho”, diz. “Mas, só com dinheiro meu, o máximo que podia comprar eram 10 toneladas de milho”, recorda. Era pouco ainda para o potencial.

Hoje, tudo mudou graças ao apoio da Gapi, orçado em dois milhões de meticais.

Com terreno de 500 hectares a 130 quilómetros de casa, em Jamira, no Posto Administrativo de Kuékué, na fronteira com Niassa, dos quais 120 já capinados, Martins volveu aos tempos de agricultor. Mas noutra escala. “Produzo gergelim e milho para farinar. Só quando acaba a minha produção – 15 toneladas, que a machamba ainda é nova –, é que compro grão a outros”, afirma.

Financiamento que muda vidas

E, foi com o financiamento garantido pela Gapi que comprou 30 toneladas. Somadas ao milho próprio e ao dos que lhe pedem moagem, resultou, em 2017, numa produção total de 150 toneladas de farinha (130 dele, cerca de 20 dos camponeses aos quais cede insumos a crédito que, na época das colheitas, reverte em grão).

O apoio da Gapi alavancou ainda o lado comercial da Agro Fatar Vano: “Comprei muito mais gergelim, com preço muito melhor”, conta o moleiro.

Martins realça, no entanto, que a Gapi não se limita ao crédito; para ele, o apoio técnico foi tão ou mais importante: “Participei em muitas capacitações e todas muito úteis. Ensinaram técnicas de trabalho, de armazenagem e como ter a contabilidade em dia”, recorda.

Satisfeito com a parceria, o moleiro de Montepuez já pensa na renovação dos acordos: “Com os lucros do apoio da Gapi comprei um tractor e aumentei a machamba e os trabalhos; agora, vou pedir novo crédito para comprar um camião e será o mesmo – com mais carga, diminuo custos e aumento lucros”.

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