Caju: plantações organizadas revitalizam indústria e rendimentos comunitários

A Gapi-SI e a Condor iniciaram um projecto de apoio ao rejuvenescimento dos cajueiros no distrito de Mogovolas, província de Nampula. Esta iniciativa foi despoletada pelo reconhecimento e queixa por parte dos líderes locais da comunidade de Manlahipa, naquele distrito, da continua baixa produtividade dos seus cajueiros. Na maioria dos distritos costeiros de Nampula, a castanha de caju é a principal fonte de rendimento dos camponeses.
A comunidade de Manlahipa é constituída por cerca de 300 agregados familiares. Com o apoio de técnicos da Condor e Gapi já foi feita a demarcação e reserva a favor desta comunidade de uma área de aproximadamente 650 hectares para a implementação deste projecto. Cerca de 70 famílias já se registaram para participarem no empreendimento, devendo para tal constituir uma organização de base comunitária que faça a gestão da atribuição de parcelas individuais e trabalhos de manutenção e limpeza da área. Para se dar início à preparação do terreno e aquisição de mudas de cajueiro apenas se aguarda a entrega do DUAT (título de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra) por parte das autoridades governamentais.


A Gapi trabalha na estruturação da cadeia de valor do caju desde 2005, tendo sido pioneira no apoio ao relançamento de novas unidades de processamento da castanha. Esta intervenção da Gapi, que teve o apoio do Ministério da Indústria e Comércio, bem como do Banco Africano de Desenvolvimento e da União Europeia, teve em vista reverter o processo de falência das indústrias anteriormente existentes afectadas por políticas de liberalização radical do sector. Desde então e atraídos pelo modelo de intervenção da Gapi, surgiram outros parceiros que com fundos mais avultados têm financiado as novas fábricas melhorando a capacidade nacional de acrescentar localmente valor ao caju.
No início década de 1970, Moçambique era o maior produtor mundial de castanha de caju com cerca de 220 mil toneladas por ano. Depois de anos consecutivos onde a produção foi inferior a 40% daquele volume, assiste-se nos últimos anos a alguma recuperação, incluindo vários investimentos comerciais para o replantio de cajueiros de forma ordenada.
Desde meados da década 2000 que a Condor e a Gapi têm parcerias para melhorar a cadeia de valor do caju. Uma das fábricas que mais sucesso alcançou aquando do início da reabilitação da indústria de processamento foi precisamente a fábrica da Condor, em Nametil, sede do distrito de Mogovolas. Hoje, o Grupo Condor tem outras fábricas, incluindo a unidade na Macia inaugurada semana finda.
“Esta actividade que tem o epicentro no distrito de Mogovolas, é alicerçada pela convicção de que não basta construir e promover fábricas, é preciso garantir que estas obtenham matéria-prima de qualidade e só rejuvenescendo o já antigo parque cajuícola se pode atingir este objectivo.” considera Jão Maúnze, director Regional Norte da Gapi, que acrescenta que “Paralelamente, esta actividade terá impacto no rendimento de milhares de famílias de baixa renda.
No projecto agora previsto para Mogovolas a Gapi e a Condor têm como premissa que o replantio e rejuvenescimento dos cajuais só pode ter sucesso se as comunidades locais se apropriarem de novas tecnologias e constatarem de forma directa o benefício pessoal acrescido pelo tratamento e manutenção de cada nova árvore.
Esta iniciativa Gapi-Condor está a suscitar interesse adicional junto de parceiros internacionais que se propõem em reforçar a parceria local e apreciar a sua replicabilidade como factor de desenvolvimento rural e gerador de emprego.

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