500 milhões na modernização da agricultura

A modernização da agricultura e a promoção da segurança alimentar estão no topo das prioridades da Gapi, a qual, só em 2017 investiu cerca de 500 milhões de meticais neste sector. Neste período foram financiados, em 80 distritos do país, mais de 300 negócios de pequenas empresas e outras beneficiaram de assistência técnica em vários domínios.

Através de vários programas que, de acordo com António Souto, Administrador-Delegado daquela instituição, “permitem-nos ter uma intervenção nas principais cadeias de valor do agro-negócio, tendo em vista a modernização desta actividade e a elevação dos níveis de rendimento dos seus intervenientes, com particular atenção para as organizações de produtores e comerciantes rurais, dentre os quais mulheres e jovens”.

 “À luz da actual visão estratégica, temos mobilizado recursos de vários parceiros e programas para financiar um desenvolvimento mais inclusivo. Entre os vários programas podemos destacar o Agro-Investe que conta com o apoio da Danida, o Promer e o Prosul que, sendo programas financiados pelo IFAD, envolvem acordos de parceria com órgãos do Governo como o MASA e o MITADER, o PMEs Vale do Zambeze que contou com o apoio da Embaixada da Holanda, o PMEs-Norte, que tem apoio do BADEA, o programa de fomento da mulher empresária no corredor da Beira assistido pelo Banco Africano de Desenvolvimento e pelo Ministério do Género, Criança e Acção Social ”, explicou.

“Facilitar o acesso a tecnologia e ao financiamento por parte dos operadores são aspectos comuns em todos os programas por cujo sucesso a Gapi se responsabiliza.- prosseguiu o nosso interlocutor – Modernizar a economia rural pressupõe mais e melhor oferta de serviços técnicos e financeiros. Nesse sentido, na nossa estratégia para os próximos anos vários projectos de incubadoras tecnológicas e de apoio a jovens empreendedores, bem como uma melhor rede de instituições financeiras adaptadas às necessidades locais constituirão a prioridade da Gapi”

Souto diz ainda que a intervenção desta instituição financeira de desenvolvimento (IFD) combina sempre serviços financeiros, com capacitação e consultoria empresarial e desenvolvimento institucional. Esta é aliás a característica principal do Agro-Investe que foi concebido e desenhado por técnicos da Gapi. Pelos resultados já alcançados, a Danida decidiu recentemente estender e reforçar o financiamento às componentes deste programa que beneficiam as pequenas empresas, a juventude e mulher empreendedora e o sistema de finanças rurais.

“O Agro-investe tem a particularidade de, não só olhar para a cadeia de valor do agro-negócio, como também para um segmento de capital importância e impacto social: a juventude. Criámos uma componente denominada Agro-Jovem, que, em coordenação com algumas universidades e escolas técnicas agrárias, tem estado a promover a criação de novos negócios de jovens” avançou, continuando a referir-se à complementaridade deste programa que conta ainda com um fundo de garantias, o Agro-garante.

A assistência técnica tem merecido atenção especial da Gapi. Em 2017,várias cooperativas e outras organizações de produtores beneficiaram destes serviços, num montante avaliado em 260 milhões de meticais. Na região sul, produtores associados que exploram a cadeia de valor da horticultura, beneficiaram da assistência em matérias de inovação tecnológica ao abrigo do Prosul. Como resultado, estes já podem produzir durante todas as estações do ano todo, devido à instalação de sombrites e estufas equipadas com sistemas de irrigação gota-a-gota.

Na região centro, no âmbito do PME´s Vale do Zambeze, a intervenção da Gapi permitiu que os produtores se organizassem em cooperativas; dotou-as de parques de máquinas; alocou sementes melhoradas; instalou e reabilitou unidades de agro-processamento e prestou assistência técnica na sua ligação aos mercados de modo a garantir a comercialização da sua produção.

As actividades do PROMER (Programa de Promoção de Mercados Rurais), implementadas pela Gapi têm permitido o fortalecimento dos comerciantes rurais e o estabelecimento de uma rede de comércio rural. Com este programa, que integra uma forte componente de assistência técnica, tem-se assistido a uma melhoria da capacidade competitiva dos operadores nacionais no comércio transfronteiriço. A interacção entre os comerciantes rurais e as organizações de produtores assistidas pelos técnicos da Gapi em dezenas de aldeias do Niassa e Cabo Delgado tem melhorado o acesso dos produtores a sementes e outros insumos agrícolas.

Para oferecer uma maior diversidade e abrangência dos serviços financeiros, além de marcar presença com as suas 14 delegações espalhadas por todo país, a Gapi está a criar uma rede de micro-bancos, caixas financeiras rurais e organizações de poupança e empréstimo. Souto considera que “este tipo de instituições é que podem de facto contribuir para uma maior inclusão financeira e a esperada bancarização rural”

Só em 2017 e través desta rede de delegações e instituições microfinanceiras parceiras, foi possível conceder crédito a operadores envolvidos na modernização da agricultura e comercialização no montante de aproximadamente 180 milhões de meticais. Além disso, a Gapi está dotada de um instrumento de garantias, o Agro-Garante que apoiou a banca comercial e seus clientes do sector agro. Por esta via foram financiados outros 73 milhões de meticais.

“Quando abordamos a temática da modernização da agricultura, a tecnologia assume um papel crucial. É nesse prisma que temos estado a investir no estabelecimento de parques de máquinas, com todos os equipamentos e alfaias que permitam explorar com eficiência áreas cada vez maiores”, referiu. De acordo com o seu relato, já foram estabelecidos parques de máquinas nos distritos de Sussungenda e Gondola, em Manica; Gorongosa, em Sofala; Nicoadala, na Zambézia;  Tsangano em Tete e Magude, em Maputo.

A organização de produtores em cooperativas ou associações é um dos mecanismos para contornar as dificuldades de acesso aos mercados. Um dos exemplos vem de Nampula, onde a Gapi criou com as associações de produtores uma empresa de comercialização conhecida por IKURU. Esta entidade, que entretantanto atraiu outros investidores, tem jogado um papel importante na compra, processamento, embalagem e comercialização, incluindo a exportação, dos produtos agrícolas das associações accionistas e dos seus afiliados. A Ikuru conta com 20 Associações de Agricultores, que envolvem cerca de 20 mil agricultores ao longo do corredor de Nacala.

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